Ao longo da história da moda brasileira, temos vários ícones que marcaram as suas épocas. Carmen Miranda e Hebe Camargo foram alguns exemplos. Mas, talvez, nenhum desses nomes tenha sido tão irreverente quanto Rita Lee. Ou melhor, Rita Lee Jones.
Apaixonada por São Paulo e inquieta desde a infância, a cantora e compositora ficou conhecida não somente por suas performances marcantes no palco ou por seu jeito de burlar regras e mostrar que “mulher também sabe fazer rock n’ roll“; mas, inclusive, por desfilar com figurinos icônicos que influenciaram jovens e adultos por muitos anos.
Infelizmente, Ritz, como era chamada pelos mais íntimos, nos deixou neste mês, aos 75 anos. Mas, nada nos impede de voltarmos no tempo para conferir detalhes de sua trajetória artística e, até mesmo, do seu jeito de se vestir que, sem dúvida, ajudou a construir a sua história.
Quer ficar por dentro? Então, vem saber tudo sobre a padroeira do rock e “mãe da liberdade”.
Rita Lee: bailando com o rock e a bossa nova
Podemos dizer que Rita Lee foi uma das artistas mulheres mais influentes de todos os tempos. Durante sua trajetória, ela se destacou por conquistar espaço em diversos gêneros musicais, indo do clássico rock até a bossa nova. Tudo isso, com uma forma única de expressão: livre, leve e transgressora.
Mas afinal, como esse caminho começou a ser trilhado? Paulistana, Rita era filha de descendentes estadunidenses e italianos, passando a infância e parte da adolescência no bairro da Vila Mariana, na zona Sul de São Paulo.
Desde jovem, Rita já era superligada na música, tendo como influência nomes que brilharam em diferentes épocas: Elvis Presley, Maysa, João Gilberto e, claro, os Beatles. E foi natural que em 1963 ela resolvesse se aventurar criando, ainda no colegial, o trio Teenage Singers, ao lado de duas amigas.
Depois de poucas apresentações e muitas mudanças, elas acabaram se juntando com outro trio, só que masculino: o Wooden Faces, contribuindo para o nascimento do Six Sided Rockers.
Porém, outras transformações aconteceram e, com a saída de três integrantes, sobraram apenas Rita, Sérgio e Arnaldo — nomes lendários que deram origem à famosa banda brasileira de rock psicodélico Os Mutantes.
Nova fase
Nessa época, eles chegaram a gravar seis álbuns; enquanto Rita até se casou com Arnaldo. Entretanto, diante de alguns conflitos, a jovem acabou sendo expulsa da banda por seu próprio ex-marido. E, o que poderia ter sido visto como uma derrota, serviu de combustível para que ela não desistisse do seu sonho de arrasar como cantora.
No início da década de 1970, Rita, ao lado de outros amigos, criou a banda Tutti Frutti. Inclusive, foi graças ao segundo disco — Fruto Proibido —, que as suas músicas conquistaram de vez o público, com canções que, até hoje, são referência: Agora Só Falta Você, Esse Tal de Roque Enrow e Ovelha Negra.
Não demorou muito até que Rita Lee conhecesse Roberto de Carvalho — o seu parceiro na vida musical e amorosa. Com ele, a artista teve três filhos, viveu muitas aventuras e compôs melodias inesquecíveis na indústria musical, sendo um sucesso absoluto tanto no Brasil, quanto na gringa. Chega Mais, Papai Me Empresta o Carro e Doce Vampiro são alguns exemplos dos hits que alcançaram recordes internacionais.
Os lançamentos foram inúmeros, mas, em 2014 Rita resolveu se aposentar com o álbum Reza. Foi também nessa época que ela decidiu não mais pintar o cabelo de vermelho, assumindo os fios grisalhos — com uma tonalidade que ela chamava carinhosamente de “cor da Lua”.
Rita Lee e a moda: parceria eterna
De acordo com uma entrevista dada por Beto Lee, filho de Rita, ao Estado de S. Paulo, em 2000, a cantora acreditava que o palco era um local sagrado.
Logo, não era possível subir para fazer um show com a mesma roupa utilizada no dia a dia. Para isso, era preciso montar um look à altura, que empoderasse e marcasse cada performance. Assim, podemos dizer que Rita Lee sempre usou a moda a seu favor.
No início dos anos 1960, por exemplo, e quando ainda fazia parte d’Os Mutantes, a cantora aderiu ao estilo libertário da época, deixando para trás aquela estética careta, até então presente no dia a dia de boa parte da população.
Em vez disso, ela gostava mesmo era de ousar, apostando em trajes nada óbvios, como um famoso vestido de noiva usado durante a apresentação do Festival Internacional da Canção.
Com o passar do tempo, a tal da “Ovelha Negra” mostrou por meio das roupas um pouco da sua influência musical. Na década de 1970, as suas combinações — e até o seu corte de cabelo — eram muito parecidas às de outras estrelas, como Mick Jagger e David Bowie.
Já nos anos 1980, foi a vez de abandonar um pouco da pegada hippie e abraçar de vez o tal do glam rock. E aí, não teve pra ninguém: o seu figurino ficou mais imponente do que nunca, repleto de casacos volumosos, calças amplas e com bordados, além das polêmicas botas prateadas — furtadas em uma boutique londrina.
Abrindo alas para o empoderamento
Olhando para a sua história, que mistura música com moda, Rita Lee foi uma artista que incentivou — e empoderou — muitas mulheres a se expressarem, seja por meio da roupa ou, simplesmente, pelas suas atitudes.
Em uma época em que falar sobre a sexualidade feminina era um tabu, a cantora conseguiu, por diversas vezes, incluir essa temática em suas canções, se vestindo de uma forma que confrontava as regras impostas pela sociedade.
Óculos escuros, chapéus de bruxa, estampas marcantes, brilhos, botas pesadas e uma atmosfera lúdica eram alguns dos elementos presentes em seus visuais, que transbordagem autenticidade.
Por essas e outras, muito além de suas músicas e presença no palco, milhares de pessoas continuam se inspirando nesse estilo cheio de atitude e coerente com as suas crenças. Hoje, podemos afirmar: ela fez um monte de gente feliz!
E aí, curtiu conferir um pouco mais sobre a trajetória de Rita Lee e a sua influência na moda brasileira? Esperamos que sim!
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